Diva do tecnobrega, ídolo no Pará, se prepara para conquistar o País
POR KAMILLE VIOLA

Foto: Divulgação
“Para mim, está bom assim. Eu me arrumo, me aceito, sou feliz. Tenho uma autoestima elevada. As mulheres da periferia não estão preocupadas se vão entrar num jeans 36”, resume Gaby. “Eu faço luzes, chapinha, babyliss, uso um aplique, amo maquiagem. Eu me acho sexy e as pessoas acabam achando isso também”, diz.

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PRIMEIRO DISCO SOLOO resto do País já começa a acordar para a revolução musical que vem do Pará. “O Max de Castro e o Marcelo Jeneci já disseram que querem trabalhar comigo. A Marisa Monte esteve com o DJ Waldo Squash, que fez todas as bases do meu disco, para fazer uma base para ela”, exemplifica Gaby. Antes mesmo de ter o CD lançado, ela já gravou uma participação para o primeiro ‘Domingão do Faustão’ de 2012. O Brasil se prepara para tremer.
ORIGEM HUMILDE
Gabriela Amaral dos Santos (o nome </IP>artístico foi sugestão de um amigo ator) vive desde que nasceu no Jurunas, bairro humilde de Belém. Começou a cantar na igreja aos 15 anos e profissionalmente aos 18. Foi em 2002 que trocou de vez o universo das festas de igreja e da MPB de barzinhos pelo tecnobrega. “Eu já cantava alguns bregas nos meus shows e via as pessoas se levantarem para dançar”, lembra. “Até que o DJ Maluquinho falou: ‘Vamos montar uma banda para você cantar. Você vai ser a maior artista do Pará.’ Ele foi muito visionário”, diz. Estava formada a Tecno Show.
Gaby chegou a viver numa casa no Jurunas — o berço do tecnobrega — com os outros integrantes da banda. Quando Maluquinho saiu e ela ficou com toda a responsabilidade do grupo, passou pelo período mais difícil de sua carreira. “Só não passei fome porque a minha mãe ia até lá levar comida e um dinheirinho para mim”, conta a artista. Hoje, é ela que sustenta a casa onde vive com os pais, a irmã, o irmão, o cunhado, a sobrinha e o filho, embora todos trabalhem.
Morando outra vez com os pais, em 2008 engravidou sem planejar. O pai da criança não quis assumir, mas ela encarou mesmo assim. “No período em que eu estava grávida, minha carreira deu um ‘boom’. Comecei a fazer mais shows, foi aí que a Gaby Amarantos foi ficando mais forte e eu acabei indo para a carreira solo”, afirma.
'VOU SAMPLEAR, VOU TE ROUBAR'
Foi pouco depois de dar à luz Davi, hoje com 2 anos, que surgiu o apelido de Beyoncé do Pará, no festival Recbeat, no Carnaval de Recife de 2010. Além de cantar ‘Tô Solteira’, versão tecnobrega de ‘Single Ladies’, Gaby usou uma roupa parecida com a da cantora americana no clipe. Lady Gaga da Amazônia é outro apelido, mas ela tem personalidade própria. “Hoje já sou reconhecida como Gaby Amarantos”, conta.
Na mesma viagem, ela descobriu sua atual música de trabalho, ‘Xirley Xarque’. “Na van que me buscou no aeroporto, o motorista estava ouvindo. Perguntei o que era e fui procurar na Internet. No show, cantei e disse que iria gravar essa música em versão tecnobrega. Dias depois, recebi um e-mail do Zé Cafofinho (o autor) dizendo que amigos dele estavam no show e que eu podia fazer o que quisesse com a música”, lembra ela.
O clipe de ‘Xirley’ resume a trajetória do tecnobrega: a personagem principal surge numa cena que se repete, mas a cada vez em cenário mais luxuoso. “Essa também é a minha história, da menina que é pobre e vai evoluindo”, compara Gaby. Os provocativos versos “eu vou samplear, eu vou te roubar” evocam de maneira bem-humorada o próprio universo do gênero, famoso pelas versões não-autorizadas de músicas e samplers. “É para mostrar que a gente vive uma nova era. Direito autoral é coisa do passado”, manda.
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